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![]() Jó 2:9 |
Em seu desespero, depois de perder todos os filhos e bens, a mulher de Jó sucumbe a dor e exclama contra ele o seu desgosto. De fato, ela, aparentemente, havia perdido tudo que tinha fora e não lhe restou, nesse momento, mostrar qualquer coisa, senão, o que tinha dentro.
Há um ano, por alguns dias, também “perdi” tudo o que tinha fora. A caminho da UTI em função de complicações pelo COVID-19, perdi o acesso a minha família, meu celular, o direito de usar minhas roupas e jóias. Perdi o direito de me barbear. Perdi até mesmo meu nome. Vestido apenas com vestes de hospital, minha identidade passou a ser “paciente do leito 3”.
Naqueles dias, perdi direito a opinião. Os médicos falavam sobre as alternativas do meu tratamento ao meu lado, como se eu não estivesse ali. Perdi meu direito de ir ao banheiro. Perdi a capacidade de me manter limpo. Mais do que isso, perdi a capacidade de respirar profundo. Perdi minha capacidade de raciocinar com clareza.
Por alguns dias, perdi o entendimento de que haveria o amanhã. Foi o mais perto que cheguei de perder tudo o que tinha fora!
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![]() Jó 2:10 |
Quando percebi que, naqueles poucos dias, não tinha mais nada fora. Restou-me recorrer ao o que tinha dentro. Lembro-me de ter me sentido confortável ao pensar que meu filho mais velho já é um adulto. De que meu filho mais novo, mesmo com restrições, cresceria com dignidade. Então, emergiu de mim paz e gratidão.
Ao perceber que tudo que poderia ser feito para combater os efeitos da doença já estava sendo feito, emergiu de mim resignação. Mais do que isso, cresceu em mim o entendimento e o desejo que fosse feita a vontade de Deus e não a minha.
Comparado ao que tinha fora, inicialmente, o que tinha dentro parecia pouco. Mas, logo percebi que, na prática, era muito.
Hoje, entendo que sou abençoado por ter fora mais do que preciso. Entendo que o que eu tenho dentro, que realmente importa, me basta e me foi dado por Deus.
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![]() 2 Coríntios 3:5 |
Tudo que me basta, vem de Deus! Glorificado seja Ele e Jesus Cristo, nosso Senhor.
Perfeito👏👏
O deserto não nos promove;humilha-nos. Na escola do deserto, Deus trabalha em nós para depois trabalhar por meio de nós. Deus está mais interessado em quem somos do que no que fazemos
Orei muito por vc e sei que Deus operou em tua vida e vai continuar operando.
Bela reflexão, Elemar! O seu testemunho fala de uma forma profunda sobre entrega, confiança e resignação, três predicados que, quando reconhecidos em nosso íntimo, libertam nossa alma para viver de forma mais leve e plena. Grato por compartilhar sua história e que Deus abençoe você e sua família!